domingo, 24 de junho de 2012

CINEMA: PARA SEMPRE





Se você tivesse que reconquistar seu amor do zero você conseguiria? Em 2004 Michel Gondry fez essa pergunta no filme "Brilho Eterno de uma mente sem lembrança" que trazia Jim Carey em sua única interpretação dramática em sua carreira. A história era complicada. Num futuro, aonde as pessoas podia apagar lembranças da memória, uma garota decide esquecer o ex namorado literalmente, apagando qualquer traço dele de seu cérebro. Percebendo que ela não o reconhecia mais, para aplacar a dor, ele também decide apagá-la de sua memória. Mas como o amor é mais forte, eles acabam se encontrando e se apaixonando novamente, numa  alusão de que seja a coincidência, o destino, ou coisa que o valha, quem se ama sempre continuará se amando.

"Para Sempre" de Michael Sucsy segue a mesma linha de filmes romanticos,  mas tem um adicional relevante: é baseado numa história real. Leo e Paige são um casal apaixonadíssimo. Ela, uma artista plástica, ele dono de uma gravadora. Tudo vai bem até o dia que sofrem um acidente de carro. Ele sai ileso, mas ela é lançada pelo parabrisas, tem traumas no cérebro e entra em coma. Ao acordar, descobre-se que ela perdeu a memória dos últimos 5 anos! A situação se torna mais grave ao descobrirmos que há 5 anos, ela não só não era casada, como tinha uma personalidade totalmente diferente. Era riquinha, mimada pelos pais, queria fazer Direito e... era apaixonada por um cara que era seu noivo.

E agora, você no lugar de Leo, o que faria? Lutaria para reconquistar sua esposa?

O bom de filmes baseados em vida real é que mesmo que se faça modificações cinematográficas no roteiro, para torná-lo mais interessante, ainda asssim, é preciso ser fiel a história de verdade. E esse é o maior trunfo dessa produção que traz Channing Tatum ("Se ela dança, eu danço", "Anjos da Lei") e a lindissima Rachel McAdams ("Manhã Gloriosa", "Sherlock Holmes") nos papéis principais. O segredo, é não seguir as fórmulas fáceis dos filmes do gênero, geralmente recheados de clichês românticos e resoluções convenientes. Este não é o caso.

Leo, passa a comer o "pão que o diabo amassou", entre humilhações e marginalizações, para tentar reconquistar o amor de sua mulher. Ela só aceita ser "cortejada" pelo marido, porque de alguma forma entende que realmente foi casada, teve uma vida e precisa recuperar a memória. Mas como ela mesma diz para ele, ela não o ama, afinal, ele é um completo estranho e diferente de tudo que ela espera de um homem, já que ele não é um executivo ou não faz parte da mesma classe social que ela faz, pelo menos em cinco anos atrás, onde se encontra a memória dela.

O que gosto no filme é que ele não se atrela ao clichê básico do amor. Eles poderiam aproveitar que ambos os atores já fizeram pápéis em filmes água-com-açucar baseadas nas chatas histórias de Nicolas Sparks, mas ambos se saem bem com interpretações convincentes.  Eles saem, jantam, fazem passeios românticos, transam, mas ainda assim o amor não acontece como num passe de mágica. É preciso intimidade, afeto e confiança. Afinal, é óbvio, são diferentes, ele não faz o tipo dela! Mas o amor, só acontece quando finalmente ela é exposta à realidade, à verdade escondida, e ela percebe que num mundo frio e de mentiras, aquele "estranho" que se diz seu marido, é o único que demonstrou pelas suas atitudes que a ama de verdade. E assim, ela permite-lhe dar uma nova chance. Um novo recomeço.

"Pra Sempre" tem uma direção razoável, sem exageros, não apelas para situações cômicas para prender o telespectador e nem para situações dramáticas demais. Tudo é dosado na medida certa, inclusive quando os segredos familiares, que fizeram ela sair de casa e trocar o Direito pelas Artes - e consequentemente o motivo que fez conhecer e se apaixonar pelo Kim -  são revelados. Sem exageros para força-los a chorar, embora algumas cenas, sejam muito tocantes.

É um filme romântico, antes de tudo, e como todo filme romântico, feito para o público feminino. Mas ainda assim, levando em consideração se tratar de uma história real, encanta e convence pela persistencia e de que quando se ama de verdade, é preciso fazer de tudo para correr atrás do seu objetivo, e ate mesmo de desistir, quando a situação não é conveniente. Por fim, fica a mensagem, de que quando é para acontecer, o amor surgirá naturalmente. E nos deixa uma pergunta,que já havia sido feita por outro filme - Como se fosse a primeira vez (com Adan Sandler e Drew Barrimore): o que você faria se tivesse que reconquistar o seu grande amor, outra vez? 




Um comentário:

Carol disse...

Exatamente o que pensei André, o filme é romântico sim, mas sem apelar. Gostei do post!

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