RAMMSTEIN - A FORÇA DO ROCK ALEMÃO

Depois que quebrei aquela velha mania de achar que rock só tinha graça cantado em inglês, uma das primeiras bandas que curti, fora do eixo angloamericano, foi o sexteto alemão que formam o RAMMSTEIN, liderados pela voz potente de Til Linderman.  A banda foi formada em 1994 e um ano depois já era uma das bandas de rock mais respeitadas da Europa. Lançaram seis álbuns de estúdio, todos eles com vendagens grandiosas que lhes renderam vários discos de ouro e platina.  Eu só vim a “conhecê-los” em 2002 com o filme “Triplo X” – através da cena do filme que acabou virando clipe – e foi amor à primeira porrada.

O estilo do Rammstein é polemico. Eles tocam o chamado Metal Industrial (guitarras bem pesadas misturadas a sintetizadores e batidas tecnho) e seus clipes, sempre bem produzidos,  possuem uma temática que visa fazer seus fãs refletirem em alguma coisa.  Algumas  letras são polêmicas, e o estilo agressivo  já lhes renderam várias tentativas de censura na própria Alemanha, acionados por pais que acham que as letras dúbias influenciam seus filhos à violência. De fato, algumas o são, mas a maiorias das canções e videoclipes, teatrais, tem por objetivo apenas satirizar ou protestar contra a política e tradicionalismo da sociedade germânica. 

Eu sou fã e pra mim, escolher alguns clipes que possam explicar a força do Rammstein é complicado, mas depois de um duro trabalho de seleção, escolhi abaixo os melhores:

“OHNE DICH”

Vou começar por aquele que eu acho um dos clipes mais emocionantes que já assisti. Um hino que celebra o valor da amizade e da persistência. Aqui o Rammstein incorpora um grupo de alpinistas que ao escalar uma montanha acabam sendo surpreendido com um acidente que deixa um dos membros tetraplégico. Diante da morte inevitável do amigo, decidem continuar a escalada levando-o nas costas, com todas as dificuldades inerentes, até o topo da “montanha realizando  sua vontade.  Admito que deixei cair uma ou duas lágrimas.

“AMERIKA”

Criticar o imperialismo americano não é nenhuma novidade, especialmente no rock,  mas esta, por ser cantada por uma banda alemã, tem um significado diferente. Extrapolando no sarcasmo, o clipe começa mostrando os membros da banda vestidos com trajes da NASA cantando na órbita da lua, numa clara alusão ao que alguns chamam de maior fake da história, de que os americanos nunca pisaram na lua. Depois somos apresentados ao negativismo da influencia americana no mundo com tribos africanas comendo pizza e bebendo coca-cola ou as crianças da china esperando o papai Noel.

“ROSENROT”

Um dos clipes mais polêmicos da banda, chegando até mesmo a ser censurado pela TV alemã, é um dos mais perfeitos em termos de técnica, figurino e produção. A letra é baseada num poema chamado “O Menino e a Rosa” de Goethe. O poema conta a história de um garoto que ao buscar uma rosa vermelha (“resenrot”) acaba morrendo e faz uma alusão ao poder  da mulher de conseguir tudo que quer dos homens aos usar suas armas de sedução. No clipe, o Rammstein são um grupo de padres que acaba chegando numa vila, de passagem e são acolhidos pela comunidade que está em festa. Um dos padres, Linderman,  se encanta por uma garota e esta o convence a matar seus pais. Após o crime, ela mesma acaba entregando o padre que é queimado vivo pelos homens da comunidade.  A polemica do clipe não foi nem as cenas de violência, mas uma cena que não é explícita, mas passa a impressão de que a menina, menor de idade, tem relações com o padre, antes de pedi-la para cometer o crime. Enfim, veja, e tire suas próprias conclusões.

“ICH WILL”

Um dos meus preferidos. Uma crítica à imprensa e sociedade germânica – e por referencia a muitas outras – pela capacidade de transformar bandidos em celebridades. Aqui eles são um grupo de assaltantes de banco que acaba chamando a atenção da imprensa e por fim, das pessoas, que terminam por idolatrá-los. Uma pena que programas sensacionalistas aqui no Brasil jamais verão esse clipe.

“KEINE LUST”

E pra finalizar, um dos mais engraçados da banda.  A letra fala sobre pessoas que não possuem mais prazer em fazer as coisas, depressão talvez, mas acaba tendo um sentido maior quando entram seis caras obesos, sendo cuidado por enfermeiras de posse de aparelhos de pressão, soro, nebulizadores e afins. Vale muito mais pela performance dos gordinhos do que pela critica a alguma coisa.