sábado, 28 de julho de 2012

BATMAN, O CAVALEIRO DAS TREVAS RESSURGE

"Qualquer um pode ser herói.
Até mesmo um homem comum que coloca um casaco sobre
os ombros de um garoto para dizê-lo que o mundo não acabou."
-  Batman.




Meia noite, fria, plena quinta-feira e um bando de loucos em pleno Taguatinga Shopping fazendo uma fila enorme, aguardando ansiosamente aquele que seria o final épico e que será lembrado por muitos anos como o maior filme de heróis já feito até hoje. E no fim, grandes surpresas, boas atuações, ótima direção, nenhuma decepção! Saem de alma lavada e a certeza que os irmãos Nolan se tornaram para o Batman no cinema, aquilo que Frank Miller foi para  ele nos Quadrinhos.  Uma justa homenagem ao melhor de todos! 


Não é difícil justificar porque o Batman leva consigo uma legião de fãs tão fanáticos:  seu único super poder é sua inteligência e habilidades.  Um homem comum que pegou seus traumas e medos e transformou num herói defensor da justiça e da liberdade. Sombrio, gótico, ainda leva junto uma carga rock´n´roll.  BATMAN – O CAVALEIRO DAS TREVAS RESSURGE cumpre seu papel e fecha o ciclo da história criada e contada por Christopher Nolan, que como fã, viu a necessidade de trazer de volta ao herói o respeito deixado pra trás por adaptações anteriores medíocres que só infantilizaram o homem-morcego e se tornaram motivos de piada.

Apesar da cena em que Bane quebra a espinha dorsal do Batman...
... ele não assusta tanto quanto o original.

A história é complexa, mas tentarei resumir. Oito anos se passaram, Bruce se culpa pela morte de sua amada Rachel Dawes e deprimido decide se afastar do mundo e "aposentar" o Batman. Mas não há o que temer, pois numa rede de mentiras compactuado pelo comissário Gordon, criam o dia de Dent e uma lei marcial de tolerância zero que prende praticamente todos os bandidos da cidade.  Gothan agora é mais segura, pois Batman é mostrado como assassino de Harvey Dent, e este, por sua vez é exibido como um herói. Ninguém sabe que ele havia se tornado o criminoso Duas Caras.  É neste contexto de paz, que surge a figura de Bane, um terrorista destinado a cumprir o desejo de seu mentor Ra´s Al Ghul lídero da seita Liga das Sombras. Ele não só consegue levar Bruce à falência, como destrói toda a cidade, liberta todos os bandidos da Black Jail (Asilo Arkhan não é mencionado em nenhum momento, embora o Espantalho apareça mais tarde em cena) transformando a cidade num caos. Batman então volta à cena! Primeiro motivado pela ladra Selina Kyle (a Mulher Gato, embora ela não seja chamada assim em nenhum momento do filme), depois pelos questionamentos do jovem policial John Blake, e por fim, pelo dever de justiça, ao descobrir que Bane era um antigo membro da Liga das Sombras.


Anne Hathaway está línda, sensual e cínica como uma verdadeira mulher-gato.


Eu sei que é inevitável, mas não compare este com outros filmes de heróis, sobretudo, Os Vingadores. Apesar dos efeitos especiais, ali é apenas um filme para entreter crianças e adolescentes. Batman é um filme sobre conflitos, sobre redenção, possui um complexidade capaz de questionar conceitos, principalmente no mundo político. Os esquedistas imbecis já começaram a dizer que o filme é facista, por mostrar que as revoluções são praticadas por bandidos e pelo caos. Por outro lado, Nolan ataca a política de Tolerância Zero de Nova York com a sua Lei Dent, onde subentende que o sucesso da segurança pública foi pautada em redes de mentiras e manipulação da mídia.

O jovem policial John Blake é a "voz" que faz reacender o senso de justiça em Bruce Wayne.


Fãs, não se enganem. Apesar do título e da presença de Bane, esta é uma história de Nolan. Eles até bebem um pouco na fonte de "O retorno do Cavaleiro das Trevas", "A queda do morcego" e de "Batman Ano um", mas não há nenhuma adaptação dos quadrinhos para o cinema, salvo, a cena clássica quando Bane quebra a espinha de Batman. Por sinal, tenho certeza que Bane seria o vilão deste filme mesmo se Heather Ladger estivesse vivo e a presença do Coringa estivesse confirmada. O Coringa no máximo tomaria o lugar que neste filme foi reservada para o Espantalho (Cilian Murphy). Bane representa o fim do ciclo pautada pela dor e pela vingança. Batman surgiu da Liga das Sombras, nada como um ex-membro da Liga para derrotá-lo.


A relação paternal do mordomo Alfred com Bruce nos brinda com uma das
cenas mais emocionantes do filme. Um show de interpretação de Michael Caine.


O filme tem bons efeitos especiais, mas nada assim que faça soltar gritinhos como nos filmes da Marvel. Entre os veículos, a Batmoto rouba a cena, mais do que o Batcóptero, que achei fraquinho. O foco contudo estão nos personagem e este tem mais diálogos, alguns muito emocionantes como na cena em que Alfred (Michael Caine, sempre fantástico) pede para que Bruce não vista mais a capa do Batman. Me arrancou lágrimas! Anne Hathaway está excelente como a mulher-gato, linda, sedutora, sem exageros caricatos, mas com muito cinismo típico da personagem. Prestem atenção no jovem policial Blake (Joseph Gordon-Levitt, amadurecendo a cada filme), apesar da revelação final, por meio de diálogos e da relação dele com Bruce/Batman é possível identificar o seu papel na trama. Marion Cotillard dá vida a bilionária Miranda Tate, garota por quem Bruce possui uma atração física e terá um papel fundamental na trama. E por fim, Bane, interpretado (?) por Tom  Hardy. Eu particularmente esperava um Bane maior, mais intimista, mas levando em consideração que o filme tenta ser mais realista, acho que ele se encaixa bem. Achei a dublagem dele horrível em português; no original ainda não vi, mas haja vista a reclamação na pré-produção de que ninguém entendia o que ele falava, acredito que o efeito foi o mesmo.

Por fim, após as quase 3 horas de duração, saimos do cinema com alma lavada. Não é exagero dizer que BATMAN - O CAVALEIRO DAS TREVAS RESSURGE tem tudo para levar várias indicações ao Oscar, sobretudo, de melhor filme. Por fim, no melhor estilo Nolan, como vimos em A Origem, um final dúbio para que os heróis possam passar a vida toda discutindo... vale à pena!

PONTOS POSITIVOS:
 
 
- Fidelidade às HQ, embora Nolan tenha refeito alguns personagens. Sim, Thalia Al Gur aparece no filme, mas com "pai" diferente.

- Sem exageros caricatos. Os efeitos visuais são fantásticos, mas discretos.

- Interpretações fantásticas: destaque para Gary Oldman (Comissário Gordon), Anne Hathaway (Selin "cat" Kyle) e Michael Caine (Alfred).

PONTOS NEGATIVOS:

- Nenhuma citação ao Coringa, apesar da presença do Espantalho mostrar que os "loucos" do Asilo Arkhan também foram soltos.

- Não há referências à Liga da Justiça ou a outros heróis do universo DC, apesar dos irmãos Nolan estar preparando uma adaptação do Superman para 2013.


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