quinta-feira, 8 de novembro de 2012

RUBY SPARKS - A NAMORADA PERFEITA


Ruby: - Sabia que você não faz meu tipo?
Calvin: - Não?
Ruby: - Normalmente me atraio por caras assertivos.
Calvin: - Então é isso? Você só se interessa por babacas?
Ruby: - Não sei... acho que estava procurando você. Só demorei pra te encontrar





Uma declação como esta seria normal para um cara bonito e descolado.  Mas não para Calvin, um rapaz tímido, retraído, que não se acha atraente. Ele é um jovem escritor que fez muito sucesso com seu primeiro livro, mas acabou amargando fracassos nos seguintes e está passando por uma crise de inspiração. Ele não tem amigos e as únicas pessoas com quem conversa é seu irmão e seu psiquiatra. As coisas mudam quando ele começa a sonhar com Ruby, uma linda garota, perfeita, segundo sua imaginação. Após escrever os primeiros capítulos sobre ela, sua imaginação se torna realidade e Ruby Sparks aparece de carne e osso não só para ele, como para seus familiares. E assim ele realiza o sonho de todo escritor, já que Ruby faz tudo aquilo que ele deseja e escreve em seu livro. No inicio, as coisas ocorrem exatamente como Calvin deseja, mas a partir da convivencia com Ruby, e principalmente por causa das modificações que ele faz na personalidade dela, Calvin descobrirá que uma dos principais caracteristicas de um bom relacionamento é quando as pessoas são livres para serem o que elas são.
 
Escrita e protagonizada pela atriz Zoe Kazan, esta não é mais uma comédia romântica enlatada para o verão americano. Podemos descrever como uma excelente comédia dramática, um verdadeiro conto de fadas. O tema pode ser repetido, já vimos coisas parecidas com Mulher Nota 1000 na década de 80, mas Ruby Sparks surpreende por parecer intimista, em parte graças a direção de Valerie Faris e Jonathan Dayton que nos deu a excelente e gostosa comédia Pequena Miss Sunshine. A fotografia é excelente e a direção de arte nos brinda com cenários atuais mas remetem aos anos 80, principalmente pela máquina de escrever utilizada por Calvin.
 

 
O roteiro é excelente e durante a história somos questionados por meio das ações de Calvin, tratando temas como carência afetiva, solidão e possessividade. Ao contrário do que costuma ocorrer, o filme não toma partido, apenas coloca a situação e deixa você julgar.  Como na cena em que numa festa, ao ser deixada sozinha, Ruby acaba sendo convencida a tomar banho de piscina de lingerie com o dono da casa. Tomar partido seria fácil, se não houvesse todas as situações atenuantes. Por fim, a impressão que tive é que a mensagem final é um paradoxo ao título do filme. Que não existe a pessoa perfeita! Que  moldar alguém exatamente como achamos que deveria ser nunca vai dar certo, por que não ficaremos satisfeitos. A atração vem justamente das diferenças e semelhanças, cada um com sua própria personalidade.
 
Gostei muito de Ruby Sparks. Assim como o filme anterior dos diretores, você termina com aquela sensação gostosa, mesmo o final tendo sido um clichê do gênero. Gosto do ator Paul Dano, o qual acompanho desde seus primeiros filmes de comédias juvenis e hoje se tornou um ator único e competente. Antonio Banderas faz uma participação como o padrastro de Calvin, mas não sei por que, nunca gosto dos papeis dele. Neste mesmo se esforçando, ficou caricato. Por fim, não é uma comédia grandiosa, às vezes fica morna em alguns momentos , oscila entre a dramaticidade e a comédia com fórmulas fáceis demais, porém é um filme que você com certeza irá se envolver bastante.
 
 
 
 
 


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