domingo, 25 de maio de 2014

NOÉ | Crítica de Cinema




O que se esperar de um filme dirigido por um dos maiores diretores do nosso tempo - Darren Aronofsky - e tendo um elenco estelar como Russel Crowe, Emma Watson, Antony Hopkins, Jenniffer Connely, e com um orçamento de R$ 125.000.000,00? Que ele seja um filmaço!

Quando foi apresentado primeiro trailler em janeiro houve uma expectativa grande entre cristãos, evangélicos e simpatizantes. Mas 2 minutos de trailler esconderam 137 minutos de um filme arrastado, chato e até antibíblico. Nos Estados Unidos os protestantes torceram o nariz e ameaçaram boicotar o filme nos cinemas. Até os católicos seguiram na ameaça. Coube a Darren e a Warner pagar o mico de querer forçar o Papa Francisco a assistir o filme numa vã tentativa de reverter a situação. Mas por que tanta polêmica?



A Bíblia não é um livro de histórias, mas a palavra de Deus. Tudo que se é contado nela tem o objetivo primordial de fazer o cristão refletir. Isso significa que nem todos os relatos dispõe de detalhes ou minúcias. A história do dilúvio é uma delas. Contada em pouco mais de 3 capítulos, o relato carece de informações. Desta forma é necessário às vezes um pouco de excerto de informações históricas e até pessoais para que se dê uma forma de compreender o contexto. O próprio escravo fiel e discreto costuma fazer isso nos dramas bíblicos dos Congressos.

Curiosamente, o que Darren fez não é novo. Steven Spielberguer fez algo parecido com o filme O Príncipe do Egito ao enxertar um contexto de ficção na relação entre Moisés, Faraó e sua família que não estavam registrados nas Escrituras, mas que poderiam ter acontecido porque a Bíblia não se preocupou em detalhar. Em Noé, o efeito saiu pela culatra por desobedecer essa regra, e pior, despreza o relato bíblico e focar no livro apócrifo de Enoque, que não está nem no cânon católico, que gosta de incluir livros apócrifos em sua coleção.




Depois de um início que lembra muito a abertura da série The Big Bang Theory vemos uma cena emblemática: Noé livra uma garota de ser comida (literalmente) e flagra outros tipos de mazelas que mostram que o mundo em que o cerca é degradado.

O que se vê em seguida até que acaba sendo digerível pois segue a história que conhecemos: Noé é chamado por Deus para construir uma arca pois irá destruir o mundo violento. O problema são os excertos! Na Bíblia os antagonistas são nefilins, metahumanos nascidos da relação com anjos que causam parte da violencia na terra. Aqui os inimigos são os anjos caídos, liderados por Samyaza, um dos vinte chefes demoníacos citados no livro de Enoque. 




A família de Noé não é retratada com fidelidade. Cadê Sem, Câ e Jafé e suas respectivas esposas? A arca, mesmo sendo construída segundo os moldes citados pela bíblia, fica longe visualmente do que costumamos criar em nossa mente quando lemos o relato de gênesis.

E o mais absurdo! Quando os humanos, loucos, partem pra entrar à força na arca, o que a bíblia relata ser uma ação do espírito santo, aqui vira um festival de lutas medievais de fazer qualquer Lannister se envergonhar. E sabem quem se levanta para ajudar Noé? Transformers, brincadeira, uns homens de pedra que Deus teria criado e misteriosamente vivem na terra (sic) como pedregulhos esquecidos, se levantam para enfrentar a turba. 

Pontos positivos? Difícil, mas gostei da forma como as águas caem dos céus e saem da terra, conforme o relato da bíblia. Mas para por aí! A cena dos animais chega ser sofrível, sendo mostrada em cortes rápidos não dando nenhuma emoção. Até a cena dos animais em Todo Poderoso 2 foi mais emocionante. 

Antony Hopkins faz um Matusalém mais do mesmo. Um salariozinho que nunca foi tão fácil pra ele receber. 

E no fim, depois do dilúvio, o filme entra num marasmo que só com muita paciência para suportar. 





No fim, um filme pífio, sem graça, que teria tudo para ser um grande sucesso de público, já que envolve um personagem real para as três maiores religiões do mundo, mas que no fim acaba sendo um história mal contada que beira a heresia para cristãos, judeus e muçulmanos. 

Mas curiosamente, o maior site bíblico do mundo, o YouVersion, depois do lançamento  de Noé, aumentou em 300% a visualização da leitura do livro de Gênesis. Talvez um pouco curioso para saber a verdadeira história daquele que sobreviveu ao dilúvio.

Mas enfim, ainda vem mais dois filmes bíblicos. Filho de Deus não vou assistir porque eu já falei que depois de Paixão de Cristo, dificilmente aparecerá um filme que consiga emocionar alguém. Mas tem Exodus baseado na fuga do Egito. Apesar de alguns burburinhos, espero que Ridley Scott não siga o mesmo caminho frustrante que seu colega fez com Noé.




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