segunda-feira, 18 de novembro de 2013

JOGOS VORAZES - EM CHAMAS | Crítica de Cinema




Num futuro apocalíptico, após uma guerra civil vencida pela poderosa cidade da Capital, as cidades perdedoras foram subjugadas e transformadas em distritos e seus habitantes vivem em regime de escravidão. Para lembrá-los de que nunca devem se levantar contra a Capital, anualmente ocorrem os jogos vorazes, onde dois jovens casais de cada distrito são escolhidos para duelarem até a morte num campo de batalha, que é transmitido ao vivo como um grande e sangrento reality show.

É assim que se baseia a saga criada por Suzane Collins que inclui os livros "Jogos Vorazes", "Em Chamas e "Esperança", que ao contrário de outras sagas, utiliza o romance apenas como pano de fundo para fazer uma analogia ao autoritarismo e como o Estado pode manipular massas e oprimir pessoas por meio da política do "pão e circo".  




Nesta sequencia, após vencerem os jogos, Peeta e Katniss se tornam os novos queridinhos da Capital. Contudo, a forma como eles venceram não foi bem engolida pelos idealizadores, especialmente o Presidente Snow que acham que eles simularam um romance para enganar a plateia. Além disso, a atitude de Katniss tem sido encarada como uma forma de desafiar o poder da Capital e servindo como inspiração para o surgimento de focos rebeldes na maioria dos distritos. A cada visita aos Distritos onde eles são obrigados a ir como tradição, são recebidos com o sinal de três dedos que ela popularizou após a morte da pequena Rue e o som do pássaro Monkinjay (traduzido ao português, ridiculamente, por Tordo).
 
Temendo uma nova revolução, o presidente Snow, aconselhado pelo novo idealizador dos jogos, Plutarch, muda as regras trazendo de volta ao campo de batalha os vitoriosos dos jogos anteriores. Assim, Peeta e Katniss acabam voltando ao pesadelo de ter de sobreviver novamente a um duelo mortal. Contudo, a atitude de Snow acaba saindo pela culatra, pois enquanto a maioria dos jogadores se mostram mais unidos, os distritos acabam se revoltando ainda mais com o sacrifício de seus heróis. 




O diretor Francis Lawrence não arrisca e seu Jogos Vorazes: Em chamas (The Hunger Games: Cathing Fire) é integralmente fiel ao livro. Salvo umas três ou quatro cenas adicionais necessárias para explicar o contexto da trama, está tudo lá proporcionalmente à sua importância. Ele não perde tempo explicando personagens porque isso já foi feito no primeiro filme. Lawrence foca basicamente no drama político vivido pela preocupação de Katniss em salvar sua família e o temor de que uma nova revolução possa trazer uma guerra sem precedentes. O que torna Katniss atraente é justamente porque ela  não é nenhuma guerreira. Ela é apenas uma garota normal que quer viver sua vida, mas sem querer, por meio de sua personalidade forte e de seu caráter, suas ações espontâneas acabam se tornando heroicas e por isso, inspiradoras. Se no livro acompanhamos seu drama mais de perto porque entendemos o que se passa em sua mente, no filme isso só pode ser feito em pequenas situações quando ela se surpreende ao ser beijada por Gale e mais tarde quando se encanta pela atenção incondicional dispensada por Peeta.

A história original tem vários momentos emocionantes, mas apenas um deles foi bem adaptado ao ponto de arrancar lágrimas dos fãs. O momento em que Katniss discursa no Distrito 11 sob o olhar da família de Rue me fez arrancar "líquidos héteros" dos olhos. Para as meninas, o momento em que Katniss se apresenta com o vestido de noiva que se transforma no Monkinjay no programa de Cesar Flikerman (Stanley Tucci) é radiante.




Os efeitos especiais estão bons. Todas as provas ocorreram exatamente como eu havia imaginado ao ler o livro. Como a censura foi estabelecida para 14 anos, achei que deveria haver sangue, afinal, as mortes foram violentas e sem sangue, perdeu o impacto. Para se ter uma ideia, eu entendi muito mais ao ver o filme, do que ler o livro, os motivos finais que levaram Katniss a agir como agiu para destruir a arena. Entretanto, achei que foi muito rápido. A angustia dela em escolher quem era amigo ou inimigo, infelizmente, não foi bem aproveitada na cena final. Mas nada que destoe da trama.

Do elenco principal, apenas Donald Shutterland (Snow) e Elizabeth Banks (Effie) parecem levar seus personagens à sério. Senti um certo cansaço - pra não dizer má vontade - com os demais atores.  O estilista Cinna, que é bastante vibrante e tem um papel importante como incentivador de Katniss, no filme vira apenas um coadjuvante secundário interpretado por um entediado Lenny Kravitz.   São apenas mais dos mesmos.  Até Cesar Flickerman  deixa a desejar em relação ao primeiro filme. 





Já entre os novos atores,  Phillip Seymour Hoffman faz um excelente Plutarch, o novo idealizador dos jogos. Se nos livros entendemos desde o inicio a função de seu personagem na trama, aqui ele assume uma certa ambiguidade muito boa para a história. A maioria das cenas adicionais são feitas com ele e o Presidente Snow, necessárias, necessárias uma vez que no livro é explicado nas entrelinhas. San Clafin decepciona um pouco como Finnick, uma vez que é descrito por uma beleza extraordinária, mas telonas não chega a empolgar tanto. Porém a grande surpresa, contudo, vai mesmo para Jena Malone que faz uma das personagens mais fortes e interessantes, a anti-heroína Johana,  vitoriosa do Distrito 7. É dela a única cena hilária do filme, que é descrita no livro, mas que ao vivo ficou bem mais divertida. Sua atuação chega a ofuscar a de Jeniffer Lawrence como a atriz principal. 




Por fim, embora seja o livro preferido da maioria dos fãs de Jogos Vorazes, e mesmo tendo seguido à risca o texto de Suzane Collins, mas fica claro que Em Chamas nada mais é do que uma ponte para se chegar ao clímax final para o terceiro filme, baseado no homônimo, Esperança, que vai seguir o mesmo modelo estabelecido por Harry Potter, ou seja, vai ser dividido em duas produções. Deste modo, embora possa até ser assistido por quem nunca leu os livros - mesmo que em alguns momentos fiquem perdidos como na cena em que Katniss monta um boneco como o nome de Seneca Crane - se torna obrigatório ter assistido o primeiro filme. 

É um filme feito para fãs, e como tal, cumpre seu propósito. Segundo sites especializados, Em Chamas arrecadou mais de 6 milhões somente na sexta e sábado. E vale lembra que o filme foi lançado no Brasil uma semana antes que no resto do mundo, o que mostra a força dos fãs brasileiros. A ideia é chegar aos 900 milhões o que colocaria num dos filmes mais rentáveis dos últimos tempos. 


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