JERUSALÉM - A ABENÇOADA MALDITA CIDADE

“Tanto sangue derramado,
tanto ódio entre irmãos,
há algo de santo numa cidade disputada
eternamente pelos abraâmicos?”


A observação acima foi feita por um dos personagens no filme Cruzadas, que acabei de assistir e reflete bem o fascínio que a cidade de Jerusalém exerce praticamente para 70% da população mundial formada pelas religiões descendentes do profeta Abraão. As chamadas religiões abraâmicas – Cristianismo, Judaísmo e Islamismo – são e serão eternas rivais (sic), mas possuem na cidade de Sião, pedra fundamental de sua fé e paradoxalmente o elo que os interligam enquanto existirem.

Totalmente destruída por duas vezes, a primeira pelo Império Babilônico em 607 AC e depois pelos Romanos no ano 70 DC, ela conseguiu mais uma vez se erguer sendo reconstruída e se tornado símbolo da existência divina -  uma benção -  ou o ícone da idolatria e da intolerância religiosa - uma maldição.

Jerusalém nos dias de Jesus.

Na primeira reconstrução feita pelos próprios judeus, relatada fielmente na Bíblia por meio dos livros de Esdras e Neemias, vemos a existência de Deus, pelas dificuldades geográficas, financeiras e bélicas encontradas na reconstrução da muralha, do templo e da cidade. Muitos duvidam do relato do livro bíblico de Neemias e Esdras, dizendo que os Persas – conhecido por ser um povo frio e violento – jamais daria tantos materiais, riquezas e poder para um copeiro reconstruir uma grande cidade que poderia se tornar, no futuro, resistentes. Mas aconteceu, a história prova e, claro, que sua reconstrução não é algo que deve ser explicável do ponto de vista humano; foi um milagre de Deus.

Já na segunda reconstrução, foi diferente. Primeiro porque o próprio Jesus já havia dito que Deus não mora em Templos humanos, descartando completamente o papel que Jerusalém desempenharia no Cristianismo, mas ainda assim, embora não tenha sido feita pelos judeus, vemos de certa forma outro milagre.



Disputada por Judeus e Muçulmanos, a guerra ficou mais sangrenta quando a Santa Sé
decidiu tomar a Terra Santa por meio das Cruzadas.

Os judeus nunca foram vistos pelos romanos com bons olhos. Eles os consideravam um estorvo, principalmente por causa das diversas rebeliões causadas por facções judias como os Macabeus e Fariseus, além dos Sarcerdotes do Templo, ávidos por poder e ouro.  (Para entender melhor, leia os livros apócrifos de Macabeus I e II, disponível em versões católicas). Seria muito mais fácil para os romanos deixar os judeus à míngua e abandonados, mas por algum motivo, os romanos aceitaram o conselho de Herodes, o Grande, de agradá-los e tentar torna-los aliados, fazendo várias obras de construção de casas, saneamento básico e reformas no Templo, que segundo historiadores, gastou uma soma enorme de dinheiro para "um povo que Roma considerava desprezível". No entanto, como nós já sabemos, pouco tempo depois a cidade e o templo foram destruídos mais uma vez pelos romanos no ano de 70 DC.

A Jerusalém judaico-muçulmana que ganha rios de dinheiro com o turismo cristão.

Depois disso, durante a história, Jerusalém se tornou um objeto de guerras, mortes e tragédias. Os hóspedes se alternavam entre os Judeus, Muçulmanos e a Igreja Católica, que derramaram muito sangue inocente para dominá-las conforme pode ser visto no filme Cruzada.  Hoje em dia, do templo só resta um pedaço de muro que muitos usam para se lamentar.  e se lamentam até hoje!

Os muçulmanos, por fim, venceram. A cidade está totalmente mudada, pois em vez de torna-la um museu à céu aberto, seus governantes permitiram que a modernidade fosse construída dentro dela. Seu maior prédio é uma Mesquita. Nos anos 100, ela mudou até de nome – Aelia Capitolina – e depois foi reconstruída e reformada várias vezes. Apesar disso, ainda hoje é uma cidade importante para Cristãos, Judeus e Muçulmanos.